Na sessão solene da Câmara Municipal de Montes Claros que concedeu o título de cidadão honorário de Montes Claros ao servidor público José Francisco da Silva e ao cantor e compositor Lô Borges, houve forte participação dos integrantes da Associação de Letras Jurídicas de Montes Claros.
Na oportunidade, houve a leitura do poema do Desembargador Bruno Terra Dias e também da comunicação feita pelo Desembargador Rogério Medeiros Garcia Lima. Ambos, membros da Associação de Letras Jurídicas de Montes Claros (Ajurmoc).
Em continuidade da participação dos membros da Ajurmoc, falou o Desembargador Leopoldo Mameluque, tal como os outros anteriormente citados, é membro fundador da Associação de Letras Jurídicas de Montes Claros. Coube a esse a leitura de uma correspondência literária de autoria do Juiz Convocado do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, Professor Richardson Xavier Brant. Mais do que cofundador, o Juiz Richardson Xavier Brant é coidealizador da Associação de Letras Jurídicas de Montes Claros. A ausência foi altamente justificada: no início da noite anterior, nasceu o filho de Richardson e Ana Cláudia, e recebeu o nome Ricardo.
A correspondência de Richardson Xavier Brant, lida por Leopoldo Mameluque, justificando a ausência (pelo nascimento, no momento em que estava marcada a viagem de Belo Horizonte para Montes Claros, de um filho), é a seguinte.
MENSAGEM A JOSÉ FRANCISCO E A LÔ BORGES
Saúdo todos os presentes nas pessoas que integram a mesa de honra, já nominados pelo cerimonial. Meus caríssimos convivas da nossa terrinha, Montes Claros, torrão natal que me aquece o coração e sempre enche minha alma de júbilo e alegria!
Não pude estar presente nesta importante homenagem. Meu filho que se chama Ricardo anunciou mais cedo sua chegada, e eu permaneci ao lado de minha mulher Ana Cláudia. Já celebramos com toda a família, ontem à noite, sua chegada. O nascimento, caros amigos, é de longe o fato mais promissor e alvissareiro da espécie humana. Inaugura novas possibilidades e tantas aventuras e iniciativas. Creio que Deus assim permite para renovar, em cada centelha divina que aporta nesse plano, a semente – magnifica – que aviva a esperança em dias melhores. Com essas palavras, eu justifico minha ausência apenas física.
Quero fazer uma saudação ao nosso Prefeito Humberto Souto, ao nosso Vice-Prefeito Guilherme Guimarães, e ao nosso Procurador-Geral Otávio Rocha Machado. Estendo este cumprimento a toda a equipe que vem desenvolvendo uma notável gestão à frente do Executivo.
Agradeço, inicialmente, ao Vereador Wilton Dias o acolhimento e a proposição da cidadania honorária a nossos homenageados. A par de uma admirável vocação de homem público e sinceramente envolvido em melhorar a vida de nossos munícipes, Wilton tem contribuído para o crescimento de Montes Claros, fruto de uma atuação dedicada aos interesses públicos mais relevantes.
E quero estender esse sentimento de gratidão ao Presidente desta Casa Legislativa, cuja atuação dispensa encômios. Isso porquanto já é bem reconhecida publicamente por todos. E também uma palavra de gratidão a todos os nossos Vereadores, pela sabedoria da concessão, destacando que todos têm trabalhado com afinco e zelo para que nossa cidade possa resolver seus tantos desafios.
Preciso mencionar, por dever de justiça, o empenho de Leopoldo Mameluque para esta homenagem. Foi a primeira pessoa a propor, junto com a Desembargadora Beatriz Caires e a Promotora de Justiça Nívea Mônica da Silva, que esta homenagem acontecesse. Leopoldo Mameluque, por outra iniciativa de Wilton, logo terá a oportunidade de receber também o título de cidadão montes-clarense. Trata-se de pessoa da melhor estirpe, Magistrado festejado em Montes Claros e em todas as Minas e nos Gerais, pessoa do bem no mais pleno sentido. Já conquistou, por muitos títulos, cidadania cosmopolita, como acontece com as pessoas ilustres que ganham em suas realizações mais espaço e projeção.
Chego ao motivo central desta sessão solene. Quero festejar efusivamente nossos dois homenageados. Dizer da minha alegria e honra em poder participar da preparação deste momento. É um privilégio para Montes Claros receber duas pessoas tão queridas e ilustres, que contribuíram para o desenvolvimento de nossa cidade e região. Ambos são admirados em Montes Claros por tantos outros atributos que serão hoje merecidamente referenciados.
Falo primeiro a José Francisco da Silva, profissional da área de saúde, com expertise adquirida por longo tempo de dedicação ao campo da gestão, que esteve em Montes Claros e aqui deixou, além de extraordinários serviços prestados, saudades, benquerenças e amizades. Quem aqui o conheceu sabe de seu trato ameno, de sua disposição permanente de bem servir, de seu caráter solidário e sempre pronto a ajudar e a construir, todos conhecem sua generosidade. Você, caro amigo que tive a alegria de conhecer em tempo recente, já se sentia de casa nesta terra. Pois agora tome o seu lugar! Você passa a ser em Moc anfitrião e conterrâneo festejado em verso e prosa, parte de nossa mais rica história.
Dirijo-me, agora, ao nosso poeta, distinto cancioneiro popular, artista entre os maiores de nosso Brasil. Quero dizer a Você, Salomão Borges, que Montes Claros se engrandece em ter seu nome entre nossos cidadãos honorários, ao lado de tantos outros reconhecidos nacionalmente. Para situar a grandeza deste evento, trago os nomes de Darcy Ribeiro e Cyro dos Anjos, nossos imortais da Academia Brasileira de Letras, dos Desembargadores Nelson Missias de Morais, Bruno Terra Dias, Lailson Baeta Neves, e de Leopoldo Mameluque, que bem representam bem nossos valores de boa convivência, hospitalidade, empatia, acolhimento, todos embalados pelo signo elevado da amizade e do fraterno companheirismo.
E poderia citar ainda tantos artistas que se orgulham ou se orgulhariam em vida desta homenagem a Você, Lô Borges. Falo dos integrantes do Grupo Agreste, Grupo Raízes, Tino Gomes, Beto Guedes, Roberto Mont’Sá, Marcos Paracatu, Godofredo Guedes, João Chaves, Nivaldo Maciel, Georgino Júnior, Mestre Godinho, Jorge D’Santos, entre outros.
Em fecho a esta breve oração, elevo a Deus uma prece por esse momento mágico, encantado pelos ternos significados que inspira.
E como não poderia deixar de fazer cantoria, trago trechos de duas canções que hoje se encontram. A primeira é “Cantiga de Roda” de Manoelito Xavier, do Grupo Agreste de Montes Claros, e a outra, famosa e conhecida, é “Um Girassol da Cor do seu Cabelo”, de Lô Borges, nosso agraciado.
As composições guardam poéticas e líricas interseções:
“Eu vou bater palma, vou brincar de roda/
Para espantar o medo do meu coração/
Virar menino sem hora marcada/
Soltar papagaio, vou rodar pião/
Vou brincar na areia lá do meu terreiro/
Quem chegar primeiro, vai ter seu lugar/
Vou cantar ciranda, vou sujar a cara/
Vou crescer depressa, vou me agigantar//
[...].
Vou pegar o mundo e virar do avesso,
Vou juntar os homens num só mutirão/
Vou chamar a vida pra brincar de roda/
Vou ser seu amigo, vou lhe dar a mão”
“Se eu cantar, não chore não/
É só poesia/
Eu só preciso ter você, por mais um dia/
Se eu morrer, não chore não /
É só a lua//
É seu vestido cor de maravilha nua/
Ainda moro nesta mesma rua/
Como vai Você?/
Você vem?/
Ou será que é tarde demais?//”
Nesses versos candentes de puro sentimento, pois nunca é tarde demais para homenagear e falar do nosso afeto, abraço com entusiasmo nossos dois montes-clarenses hoje agraciados.
Os dois já estavam em nossa história e no nosso coração, e agora constam, oficialmente, em memória viva e para a posteridade, eternizados nesse preito de gratidão e reconhecimento como nossos honrados conterrâneos.
Muito obrigado!
Richardson Xavier Brant
Magistrado e cidadão montes-clarense