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DIÁLOGOS POÉTICOS
05 de setembro de 2021 - 14:00 hs
Em data recente, cuidando do Pai hospitalizado na cidade de São João del-Rey, o Desembargador Rogério Medeiros escreveu o seguinte poema:
“NÃO VISTA” DE SÃO JOÃO DEL-REI
Manhã gelada de domingo.
Tem agasalho?
Vista.
Tem dinheiro?
Invista.
Quer comprar?
Só à vista.
Não tem?
Desista!
Avião não pousa,
Não vê a pista.
Trem não parte
E nem apita.
Não é poeta.
Desista.
Não insista.
Não há vista.
Não avista.
O Desembargador remeteu o poema ao Juiz de Direito Richardson Xavier Brant. De forma imediata, como versos de circunstância aos quais se referia Manuel Bandeira, Richardson Xavier Brant compôs o seguinte poema, para remessa ao Desembargador seu Amigo.
O poeta vive de encantos
Sobrevive ao duro cotidiano
Do mais sensível da existência,
À tristeza diáfana.
Pois a claridade da luz
Leva para longe
Laivos de melancolia
Sombrias névoas
Desânimos passageiros.
Escuridão sempre alumia
Com um só fio de luz
Faz da fé que flutua
Certeza da Presença
Firme confiança
No amparo incessante.
Acorda a alma dormente
Esperança que se renova
Quando surge o sol da manhã!
No dia seguinte, ao reler o poema de Richardson Xavier Brant, foi a vez de Rogério Medeiros completar o tema, em um vai e vem de poesias que dá contornos de correspondência em versos. O Desembargador Rogério Medeiros compôs e respondeu ou completou:
São João del-Rei.
A mesma manhã invernal.
O mesmo foco.
Das trevas
Surgiram as luzes.
Nuvens da vida
Se dissolvem
Como os segredos,
As tristezas,
As angústias
E o desespero.
Tanto o Desembargador quanto o Juiz são integrantes efetivos da Associação de Letras Jurídicas de Montes Claros. Como se vê, eles correspondem não por mensagens carregadas de erros ortográficos, mas por poesia. Perfeita poesia.